Minha santa janela, onde eu medito E digo adeus ao sol e falo ao vento… E saúdo a aurora e leio no Infinito E sinto, às vezes, um deslumbramento! Vejo, de ti, a Serra e aquele val’, Onde aparece a imagem indecisa Dum rio de águas mortas, espectral, Que, entre sombrias árvores, desliza. E vejo erguer-se o rio cristalino, Transfigurado em sonho ou nevoeiro… E faz-se eterno espírito divino Aquele corpo de água prisioneiro. Ó láctea emanação! Ó névoa densa! Ó água aberta em asa! Ó água escura! Água dos fundos pegos, no ar, suspensa, Vestida, como um Anjo, de brancura! Água gélida e negra, que te elevas, Qual fantasma, no Azul, que desfalece! Ó claro e heróico sol, que vence as trevas, Porque será que, ao ver-te, empalidece? Ó água d’além túmulo! Água morta! Ó água do Outro Mundo! Aparições De neblina, entre as trevas… Absorta Paisagem povoada de visões… E enchendo todo o espaço de esplendores, De desmaios, de síncopes e mágoas, Diluindo tudo em místicos alvores, Ergue-se a s...