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Mostrando postagens de novembro, 2014

Soneto do amigo

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Soneto do amigo Enfim, depois de tanto erro passado  Tantas retaliações, tanto perigo  Eis que ressurge noutro o velho amigo  Nunca perdido, sempre reencontrado. É bom sentá-lo novamente ao lado  Com olhos que contêm o olhar antigo  Sempre comigo um pouco atribulado  E como sempre singular comigo. Um bicho igual a mim, simples e humano  Sabendo se mover e comover  E a disfarçar com o meu próprio engano. O amigo: um ser que a vida não explica Que só se vai ao ver outro nascer E o espelho de minha alma multiplica... Vinicius de Moraes Vinicius de Moraes

E por falar em saudade

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E por falar em saudade onde anda você Onde andam seus olhos que a gente não vê Onde anda esse corpo Que me deixou louco de tanto prazer E por falar em beleza onde anda a canção  Que se ouvia na noite dos bares de então Onde a gente ficava,onde a gente se amava Em total solidão Hoje eu saio da noite vazia Numa boemia sem razão de ser Na rotina dos bares,que apesar dos pesares Me trazem você E por falar em paixão, em razão de viver Você bem que podia me aparecer Nesses mesmos lugares, na noite, nos bares Onde anda você.                      Vinicius de Moraes

Ternura

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Ternura Eu te peço perdão por te amar de repente Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos Das horas que passei à sombra dos teus gestos Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos Das noites que vivi acalentando Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente. E posso te dizer que o grande afeto que te deixo Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas Nem as misteriosas palavras dos véus da alma... É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias E só te pede que te repouses quieta, muito quieta E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar estático da aurora. Vinicius de Moraes