Quem é Raoni, cacique que dedica a vida à preservação das florestas e direitos indígenas no Brasil

Ainda que tenha se tornado um nome reconhecido internacionalmente por volta de 1989, quando liderou uma imensa campanha mundial ao lado do cantor inglês Sting pela demarcação de terras, os direitos dos povos nativos e pelo meio-ambiente, o fato é que a vida inteira do cacique e líder indígena Raoni Metuktire foi dedicada à luta pelos povos nativos e à preservação da Amazônia.
Nascido no estado do Mato Grosso por volta de 1930 – em uma vila originalmente intitulada Krajmopyjakare, hoje chamada Kapôt – filho do líder Umoro, Raoni e sua tribo caiapó só veio a conhecer o “homem branco” em 1954. Quando se encontrou com os irmãos Villas-Boas (os mais importantes sertanistas e indigenistas do Brasil) e com eles aprendeu o português, Raoni já utilizava seu icônico labret, disco de madeira cerimonial em seu lábio inferior – instalado desde seus 15 anos.

O disco (também chamado de metara) é tradicionalmente utilizado por chefes de guerra e grandes oradores das tribos, e essas sempre foram características essenciais de Raoni – que, com sua história de vida e coragem dedicadas às causas supracitadas, hoje se eleva, aos 89 anos e apesar dos ataques que sofreu do presidente Jair Bolsonaro em seu discurso na ONU, como um dos principais candidatos a receber o Prêmio Nobel da Paz no ano que vem. Sendo um dos mais emblemáticos fundadores do movimento pela preservação das florestas tropicais, o cacique há 4 décadas arrisca sem pestanejar a própria vida em nome da luta – não há efetiva separação, afinal, entre a vida e o meio-ambiente: é justamente a nossa vida que está ameaçada junto com a vida do planeta.

A infância de Raoni foi marcada pelo nomadismo do povo Caiapó, mas já aos 24 anos, após tomar conhecimento do mundo dos “homens brancos” através dos Irmão Villas-Boas – e da ameaça que esse “mundo exterior” trazia à sua realidade – seu ativismo começou. O início de sua cruzada o levou ao encontro do presidente Juscelino Kubitschek no final dos anos 1950 e ao rei Leopoldo III, da Bélgica, em 1964, quando o monarca esteve em expedição dentro das reservas indígenas do Mato Grosso.

O jovem Raoni

Seria outro belga, porém, que iria amplificar de vez a voz de Raoni pelo mundo: Jean-Pierre Dutilleux viria a escrever e dirigir, junto do cineasta brasileiro Luiz Carlos Saldanha em 1978, o documentário Raoni: a vida e a campanha do cacique até ali contada em filme levariam a obra a ser indicada ao Oscar de melhor documentário – e tornaria pela primeira vez a causa do líder indígena e das florestas e povos amazônicos um amplo assunto internacional.

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Raoni e o presidente francês Jacques Chirac



Três momentos da importante amizade – e luta – de Raoni e Sting

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