Austrália além da natureza: 10 animais que você não imagina encontrar por lá
Quando
pensamos em animais da Austrália, geralmente não vamos além dos
cangurus, coalas e aranhas gigantescas, mas essas espécies emblemáticas
representam apenas uma fração da vida selvagem do país. Na verdade, a
Austrália é dos 17 países que são classificados como megadiversos, com
mais animais vertebrados não peixes (incluindo mamíferos, aves, répteis e
anfíbios) do que 95% dos outros locais do mundo.
10. Camelo selvagem
Os camelos não são, definitivamente, nativos da Austrália. Ainda assim, a Austrália tem mais camelos selvagens do que qualquer outro país do mundo, incluindo aqueles onde os camelos são nativos – estima-se que hajam 1,2 milhões deles por lá.
Importados
do Afeganistão, Arábia e Índia em 1800, camelos selvagens foram
liberados aos milhares quando foram substituídos pelo transporte
motorizado no início do século XX. Além de danificar cercas de fazendas e
outras infraestruturas agrícolas, camelos são uma ameaça para muitas
das espécies vegetais e animais nativas da Austrália. Seu consumo de
pasto e de água pode degradar severamente habitats naturais que são
vitais para a sobrevivência de outras espécies, especialmente durante
períodos de seca.
Esforços
recentes para controlar a população de camelos selvagens da Austrália
têm sido centrados no abate de suas populações em todo o outback –
interior desértico australiano que cobre boa parte do país. Entre 2009 e
2013, a cooperação entre pastores, representantes de governo e
proprietários de terras aborígenes reduziu a população por um número
estimado de 160 mil camelos.
9. Pinguim-azul
Enquanto pinguins são frequentemente associados com climas mais frios daqueles que normalmente imaginamos quando pensamos na Austrália, as costas do sul do país entre Perth e Sydney são a casa da menor espécie de pinguins do mundo. Encontrados apenas no sul da Austrália e Nova Zelândia, o pinguim-azul tem apenas 33 centímetros de altura e pesa 1 kg. Também conhecidos como pinguins-fada, esses carinhas comem o seu peso corporal em peixes, lulas e krill todos os dias para compensar a energia que gastam nadando.
Apesar
de bastante comuns nas águas e ilhas do sul, as populações de
pinguins-azuis no continente passaram por declínios severos durante as
últimas décadas. Em terra, os gatos e cães que vagueiam pelas praias
recreativas muitas vezes os caçam, enquanto no mar, as principais
ameaças vêm da sobrepesca, redes e derrames de petróleo. Ainda assim,
várias grandes colônias permanecem ativas no continente, sendo que é
possível observá-las nas proximidades de Sidney e Melbourne.
8. Dragão-marinho-comum
Embora não sejam nem de longe tão ferozes como seu nome sugere, esses dragões do mar ainda são impressionantes. Seu nome vem do formato de seu corpo, camuflagem que permite que o dragão-marinho-comum se misture perfeitamente com o ambiente. Este efeito é ampliado quando eles nadam e ficam parecidos com as algas que os rodeiam.
Embora
sejam parentes dos cavalos-marinhos, os dragões-marinhos têm várias
diferenças de seus primos. Enquanto os machos das duas espécies assumem a
responsabilidade de cuidar dos filhotes, dragões-marinhos carregam seus
ovos em um compartimento esponjoso sob suas caudas ao invés das bolsas
dos cavalos-marinhos. Outra diferença é que os dragões-marinhos são
incapazes de usar suas caudas para agarrar objetos. Encontrados
principalmente nas águas do sul da Austrália, os dragões-marinhos vivem
em profundidades rasas, entre 3 metros e 50 metros, tornando-os
especialmente populares entre mergulhadores.
7. Quokka
Você já deve ter visto estes marsupiais extremamente simpáticos em algum viral recente da internet. Uma das menores espécies de wallaby, quokkas são uma espécie vulnerável cujas populações têm sido dizimadas por predadores como cães selvagens e raposas, bem como pela perda de seu habitat para os humanos.
Hoje,
quokkas são encontrados principalmente em áreas protegidas no meio do
mar como as ilhas Rottnest e Bald. Embora muitas vezes os quokkas se
aproximem dos seres humanos com curiosidade e pareçam amigáveis com seus
sorrisos adoráveis, esses animais não devem ser tocados ou alimentados.
Na verdade, eles são considerados particularmente suscetíveis a doenças
por comer alimentos “humanos”.
Ao
contrário de muitos marsupiais, quokkas são capazes de subir em árvores.
Além disso, as reservas de gordura armazenada em suas caudas permitem
que esses animais sobrevivam por longos períodos sem água. Como
herbívoros, eles também distinguem-se de outras espécies procurando
alimento, ao invés de simplesmente pastar.
6. Numbat
Parecido com um cruzamento entre um esquilo e um tamanduá, os numbats são tão bonitinhos quantos os quokkas – mesmo que não sejam tão populares nas redes sociais. Também conhecido como “tamanduás listrados”, numbats são encontrados somente na Austrália. Ao contrário dos nossos tamanduás, no entanto, eles são marsupiais. Esses animais são especialmente incomuns, porque estão entre os dois únicos marsupiais australianos que são exclusivamente ativos durante o dia. Diferentemente da maioria dos marsupiais, no entanto, as numbats fêmeas não têm uma bolsa real.
O
numbat é uma espécie em extinção. Sua população foi substancialmente
reduzida pela predação de gatos e raposas, bem como a perda de habitat
em função da atividade agrícola e de incêndios florestais. Hoje, apenas
cerca de 1.000 numbats permanecem em estado selvagem. Como parte do
esforço para proteger a espécie e aumentar a consciência a respeito de
sua situação, o governo lhe deu o título de mamífero oficial da
Austrália Ocidental.
5. Brachionichthys hirsutus
Além de sua aparência incomum, o spotted handfish (Brachionichthys hirsutus) da Austrália é conhecido por usar suas barbatanas para andar em vez de nadar. Ele prefere viver em ambientes rochosos ou arenosos do fundo do mar, onde usa suas barbatanas como mãos para caminhar em busca de pequenos crustáceos e vermes para comer.
Sua
aparência incomum também fica por conta de sua coloração tipicamente
vibrante, geralmente vermelho-fogo com azul e marcações brancas na
barbatana ou rosa-creme com vermelho, laranja e manchas marrons.
Infelizmente,
esta é outra espécie ameaçada. As razões para o declínio de suas
populações não são bem conhecidas, mas algumas teorias incluem a
predação de seus ovos, contaminação por metais pesados e perda de
habitat pelo desmatamento que polui a água com lodo.
No
máximo, sua população em estado selvagem é atualmente de 1.000
exemplares, embora muitas pessoas acreditem que os números não passem da
casa das centenas. Sua maior chance de sobrevivência depende da
melhoria da qualidade da água do estuário do rio Derwent, onde sua
população é concentrada e o número de espécies invasoras que comem seus
ovos, como estrelas do mar e caranguejos, é reduzido.
4. Raposa voadora
A raposa voadora é o maior morcego conhecido pelo homem, com uma envergadura que pode ter mais de um metro. A Austrália é o lar de quatro principais espécies de raposa voadoras, incluindo a vermelha-pequena, a preta, a cabeça-grisalha e raposa-voadora-de-óculos.
Das
quatro, as variedades de cabeça-grisalha e de óculos são consideradas
espécies vulneráveis. Como muitas ameaçadas, o maior perigo para a sua
sobrevivência vem dos seres humanos destruindo o seu habitat. Elas
também são ameaçadas pela sua dependência de pólen e néctar de
eucaliptos, que florescem irregularmente de ano a ano.
Raposas-voadoras
são uma “espécie-chave”, o que significa que os papéis que desempenham
são vitais para a saúde dos ecossistemas que habitam. Elas ajudam a
polinizar as flores e dispersar sementes e sua sobrevivência é
especialmente importante para a manutenção de ambientes ameaçados,
incluindo os Wet Tropics e as Gondwana Rainforests da Austrália.
3. Tubarão-elefante
Batizado por causa do formato distintivo de seus focinhos, tubarões-elefantes são, na verdade, peixes de aparência estranha. Habitantes das águas do sul entre a Austrália e Nova Zelândia, os tubarões-elefante podem atingir até 1,5 metros de comprimento. Vivendo em profundidades de pelo menos 200 metros, usam seus narizes como detectores de metais para encontrar crustáceos no fundo macio e lamacento do oceano.
Também
chamado de “peixe-elefante”, eles estão mais intimamente relacionados
com a família das arraias do que com os tubarões. Suas barbatanas
dorsais dianteiras têm espinhos serrilhados longos, que acredita-se
serem venenosos, um meio de protegê-los de tubarões e outros peixes
maiores.
Os
cientistas acreditam que os tubarões-elefante podem ser os animais com a
evolução mais lenta entre todos os vertebrados conhecidos, tendo
sofrido poucas alterações desde centenas de milhões de anos atrás. Como
todos os outros tubarões e raias, eles têm esqueletos feitos de
cartilagem ao invés de osso, uma característica incomum em vertebrados
que evoluíram mais recentemente. Seu sistema imunitário é simples, com
apenas um tipo de célula auxiliar imunológica. Como fósseis vivos,
tubarões-elefante representam um link para um passado distante da Terra e
os animais que já habitaram os oceanos antigos.
2. Varano-gigante
Varanos-gigantes (ou perentes) são os maiores lagartos da Austrália, alcançando comprimentos de mais de 2,5 metros. Estes lagartos também são extremamente rápidos, atingindo velocidades de até 40 quilômetros por hora. Embora se desloquem normalmente com todas as quatro pernas, às vezes usam apenas suas duas patas traseiras.
Enquanto
seu tamanho e velocidade tornem os perentes predadores formidáveis de
coelhos, pássaros, pequenos marsupiais e até mesmo grandes cobras
venenosas, eles não estão no topo da cadeia alimentar. Além de serem
predados por grandes águias, eles são também uma fonte tradicional de
carne para os aborígenes.
1. Bilby-grande
Os maiores membros de uma família de marsupiais que vivem debaixo da terra chamados de “bandicoots”, os bilbies-grandes são os únicos sobreviventes das seis espécies de marsupiais que viviam nas regiões áridas e semiáridas da Austrália. Com seus antigos habitats reduzidos em 80%, são classificados como “vulneráveis” a nível nacional e como “em perigo” em Queensland.
Um
século atrás, os bilbies sofreram um declínio em sua população quando as
intervenções humanas na agricultura substancialmente alteraram e
reduziram seus habitats. A ameaça mais significativa para estes animais
vem do gado doméstico, ovelhas e coelhos, que dependem da mesma comida
que bilbies – coelhos também competem com bilbies pelo terreno para
fazerem suas tocas. Estes marsupiais são conhecidos por sua
impressionante habilidade de cavar, usando seus antebraços fortes e
garras para criar túneis em espiral de até 3 metros de comprimento e 2
metros de profundidade.
Os
bilbies também são importantes para a cultura aborígene. Eles aparecem
significativamente em histórias da criação do “Sonho”, contos que ligam o
passado e o presente, assim como o povo aborígine e a terra. Para
algumas tribos, bilbies representam um totem, um símbolo da natureza que
faz parte da identidade da comunidade. São as ações dos imigrantes
europeus, em vez do povo aborígine, que são responsáveis pela
diminuição da população destes animais. [via]