Bancário Robin Hood tirava dinheiro da conta dos ricos para habilitar empréstimos a pobres
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Se a veracidade da antiga lenda de Robin Hood, personagem do folclore inglês desde o século XIII que roubava dos nobres e ricos para dar aos pobres, é motivo de debate até hoje, a história do Robin Hood da pequena cidade de Forni di Sopra, na Itália, é real, na qual um gerente de banco “se apropriou” de cerca de 1 milhão de euros dos acionistas mais ricos para ajudar os empréstimos aos mais pobres.
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Tudo começou em 2009, no auge da crise econômica global, quando Gilberto Baschiera viu mudarem as regras para a concessão de empréstimo em seu banco: o critério para permitir a oferta passava a ser a confiabilidade do cliente, estabelecida através de premissas avaliadas por um computador. Quando um morador local teve seu pedido recusado na mesa de Gilberto, o gerente teve pena pelo homem e, ao invés de dispensa-lo, retirou um pouco de dinheiro da conta de outro acionista rico e transferiu para a conta do pobre homem, para que ele se tornasse qualificado a receber o empréstimo. Assim que o empréstimo entrou, o gerente pediu que o valor fosse logo devolvido.
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Na pequena comunidade de cerca de 1 mil pessoas, rapidamente a “generosidade” de Gilberto ganhou a boca do povo, e várias outras pessoas foram atrás dele para conseguir um empréstimo. E ele as deu, seguindo no mesmo método – sempre pedindo que o valor fosse devolvido rapidamente. Naturalmente que, com o passar do tempo, vários dos que receberam o dinheiro não devolveram o pequeno valor inicial, e assim, passados sete anos, o Robin Hood de Forni de Sopra acabou descoberto – e condenado a dois anos de prisão.
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O fato de não ter pegado um centavo do dinheiro desviado para si fez diferença na aplicação da pena, e Gilberto não precisou ser efetivamente preso – perdendo, porém, seu emprego, sua casa, e a possibilidade de voltar a trabalhar em um banco. Arrependido pelo tanto que perdeu, o gerente diz que não repetiria hoje seu gesto, mas que tudo que queria era ajudar os que mais precisam. “O sistema bancário abandona os pensionistas que ganham o mínimo e os jovens sem recursos”, ele disse.
Após conseguir o acordo judicial, Gilberto telefonou a todos os acionistas que tiveram seu dinheiro utilizado para a transição para a explicar os motivos de suas ações. “Eu sempre pensei que, além de proteger nossos acionistas, nosso trabalho era ajudar os que precisam”, concluiu.
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