Presidiários em Joinville escrevem livro sobre suas experiências na prisão
Dom Quixote,
considerado por muitos como o maior romance de todos os tempos, começou a
ser escrito enquanto Miguel de Cervantes estava na cadeia, por conta de
suas altas dívidas. O mesmo aconteceu, é claro, com Memórias do Cárcere,
uma das grandes obras da literatura brasileira, iniciada com Graciliano
Ramos vivendo seus dias de prisão. O mesmo se deu com obras de Oscar
Wilde, Dostoievski, Marquês de Sade, Antonio Gramsci e muitos outros.
Todos estes eram, no entanto, escritores de fato.
Uma nova coletânea de escritos do cárcere traz detentos “comuns”, não-escritores, relatando o período em que cumpriram pena.
Trata-se do livro Contos Tirados de Mim – A literatura no cárcere.
A obra reúne o resultado de uma série de oficinas literárias realizadas
com presos de Joinville, em Santa Catarina. Histórias familiares,
relatos de relacionamentos, experiências pessoais e o próprio cotidiano
da prisão são relatados nas histórias, que formam esse que é o segundo
volume da coleção que reúne o que escreveram os presos nas oficinas.
Lançamento do livro dentro do presídio
As oficinas entraram nos presídios
através de uma recomendação do Conselho Nacional de Justiça, que
ofereceu a redução de penas através de atividades educacionais, como a
leitura e a escrita.
O livro foi realizado por uma editora
paulista, e ilustra o resultado do entendimento de que a literatura é
fator determinante para que a educação seja um meio de expansão e
evolução civilizatória, como um estimulante para a reintegração social –
e um direito fundamental de qualquer pessoa.
© fotos: divulgação
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