Os chimpanzés têm cultura e tradições passadas de pai pra filho. E elas estão em perigo
Se antigamente pensávamos que somente o homo sapiens era capaz de produção de cultura fina e sofisticada, hoje é mais do que sabido que os chimpanzés são capazes de verdadeiras tradições, não só desenvolvidas como repassadas entre seus pares e transformadas em hábitos refinados.
Construir
 ferramentas para práticas como a caça e pesca e encontrar melhorias e 
soluções para práticas cotidianas (como beber água espremendo musgos ou 
utilizando folhas como suportes) estão entre as manifestações culturais 
registradas pelo maior estudo já realizado a respeito da cultura desses 
animais. O mesmo estudo, porém, aponta com gravidade que toda essa 
produção cultural está em perigo.

A pesquisa, publicada na revista Science,
 estudou ao longo de nove anos 144 comunidades de chimpanzés em 15 
países do continente africano, e afirma que onde a maior presença e 
pressão humana na região onde vivem tais comunidades, menor é o 
desenvolvimento e a conservação de suas culturas.

A
 ação humana, portanto, está colocando em ameaça de extinção a cultura 
dos chimpanzés, tão importante para melhor sabermos sobre os grandes 
símios e também sobre nossa própria evolução. Segundo o estudo, práticas
 como desmatamento e construção de estradas e edifícios realizadas 
próximas aos animais reduzem diretamente a produção cultural de tais 
comunidades.

Assistir
 o desaparecimento de tradições elaboradas por nossos primos mais 
próximos, como o uso de lanças para caças, o hábito de empilhar pedras e
 atira-las contra árvores, técnicas de comunicação, construir camas e 
abrigos, e muitos outros, é permitir o desaparecimento da mais rica 
fonte para entendermos nós mesmos. O estudo levantou 31 hábitos dos 
chimpanzés, e concluiu que tais padrões se reduziam em até 88% quando a 
atividade humana era próxima e intensa.

A
 causa está não só na degradação do habitat, na escassez de recursos 
naturais, mas também na própria sensibilidade e no senso territorial 
extremos desses animais. A pesquisa defende que os animais possam viver 
em sítios arqueológicos em nome da manutenção de suas vidas, mas também 
de suas culturas.

© fotos: divulgação
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