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Mostrando postagens de fevereiro, 2011

SONETO DO MAIOR AMOR (VINICIUS DE MORAES

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Soneto do maior AMOR Maior amor nem mais estranho existe Que o meu, que não sossega a coisa amada E quando a sente alegre, fica triste E se a vê descontente, dá risada. E que só fica em paz se lhe resiste O amado coração, e que se agrada Mais da eterna aventura em que persiste Que de uma vida mal-aventurada. Louco amor meu, que quando toca, fere E quando fere vibra, mas prefere Ferir a fenecer - e vive a esmo Fiel à sua lei de cada instante Desassombrado, doido, delirante Numa paixão de tudo e de si mesmo.

SER(AFIM)

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Ser(afim) - Soneto de Márcia Sanchez Luz Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças, é conversar no silêncio, tanto das possibilidades exercidas, quanto das impossibilidades vividas. (Arthur da Távola) Deep In The Woods - Inga Nielsen Quem encontra um Ser(afim) tem na vida um anjo raro. É feito do mesmo barro com que faz Deus seu jardim. Ele é todo de jasmins, brota água fresca do jarro que enfeita o que sempre é caro aos olhos de um Querubim. Não é fácil encontrar no meio da multidão um ser tão particular! Há que segurar-lhe a mão, fazer carinho, mimar e agradar seu coração. POSTADO POR @VIVIMETALIUN

OS OMBROS SUPORTAM O MUNDO

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Os Ombros Suportam o Mundo (Drummond) Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus. Tempo de absoluta depuração. Tempo em que não se diz mais: meu amor. Porque o amor resultou inútil. E os olhos não choram. E as mãos tecem apenas o rude trabalho. E o coração está seco. Em vão mulheres batem à porta, não abrirás. Ficaste sozinho, a luz apagou-se, mas na sombra teus olhos resplandecem enormes. És todo certeza, já não sabes sofrer. E nada esperas de teus amigos. Pouco importa venha a velhice, que é a velhice? Teus ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança. As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios provam apenas que a vida prossegue e nem todos se libertaram ainda. Alguns, achando bárbaro o espetáculo prefeririam (os delicados) morrer. Chegou um tempo em que não adianta morrer. Chegou um tempo em que a vida é uma ordem. A vida apenas, sem mistificação.

AS SEM-RAZÕES DO AMOR (CARLOS DRUMOND DE ANDRADE

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As Sem-razões do Amor (Car los Drummond de Andrade) Eu te amo porque te amo. Não precisas ser amante, e nem sempre sabes sê-lo. Eu te amo porque te amo. Amor é estado de graça e com amor não se paga. Amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse. Amor foge a dicionários e a regulamentos vários. Eu te amo porque não amo bastante ou demais a mim. Porque amor não se troca, não se conjuga nem se ama. Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo. Amor é primo da morte, e da morte vencedor, por mais que o matem (e matam) a cada instante de amor.

DA LAGOA DA ESTACA A APOLINÁRIO

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Da lagoa da Estaca a Apolinário Sempre pensara em ir caminho do mar. Para os bichos e rios nascer já é caminhar. Eu não sei o que os rios têm de homem do mar; sei que se sente o mesmo e exigente chamar. Eu já nasci descendo a serra que se diz do Jacarará, entre caraibeiras de que só sei por ouvir contar (pois, também como gente, não consigo me lembrar dessas primeiras léguas de meu caminhar). Deste tudo que me lembro, lembro-me bem de que baixava entre terras de sede que das margens me vigiavam. Rio menino, eu temia aquela grande sede de palha, grande sede sem fundo que águas meninas cobiçava. Por isso é que ao descer caminho de pedras eu buscava, que não leito de areia com suas bocas multiplicadas. Leito de pedra abaixo rio menino eu saltava. Saltei até encontrar as terras fêmeas da Mata. João Cabral de Melo Neto

Eu sou essa pessoa a quem o vento chama.....

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Eu sou essa pessoa, a quem o vento chama, a que não se recusa a esse final convite, em máquinas de adeus, sem tentação de volta. Todo horizonte é um vasto sopro de incerteza. Eu sou essa pessoa a quem o vento leva: iá de horizonte libertada, mas sozinha. Se a Beleza sonhada é maior que a vivente, dizei-me:não quereis ou não sabeis ser sonho? Eu sou essa pessoa a quem o vento rasga. Pelos mundos do vento, em meus cílios guardadas vão as medidas que separam os abraços. Eu sou essa pessoa a quem o vento ensina: "Agora és livre, se ainda recordas." Eu sou essa pessoa, a quem o vento chama, a que não se recusa a esse final convite, em máquinas de adeus, sem tentação de volta. Todo horizonte é um vasto sopro de incerteza. Eu sou essa pessoa a quem o vento leva: iá de horizonte libertada, mas sozinha. Se a Beleza sonhada é maior que a vivente, dizei-me:não quereis ou não sabeis ser sonho? Eu sou essa pessoa a quem o vento rasga. Pelos mundos do vento, em meus cílios guardadas vão as

O VELHO E O MAR

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O Velho E O Mar Depois de passar quase três meses sem fisgar um peixe, escarnecido pelos colegas de profissão, o velho Santiago enfrenta o alto-mar, sozinho, em seu pequeno barco. Quer provar aos outros e a si mesmo que ainda é um bom pescador. É em completa solidão que ele travará uma luta de três dias com um peixe imenso, um animal quase mitológico, que lembra um ancestral literário, a baleia Moby Dick. À medida que o combate se desenvolve, o leitor vai embarcando no monólogo interior de Santiago, em suas dúvidas, sua angústia, sentindo os músculos retesados, a boca salgada e com gosto de carne crua, as mãos úmidas de sangue. Por fim o peixe se dobra à força do pescador. Mas a vitória não será completa – surgem os tubarões. Novela da maturidade de Ernest Hemingway, que foi correspondente de guerra e amante das touradas, O Velho e o Mar (1952) é a melhor síntese de sua obra e de sua visão do mundo. Escrito num estilo ágil e nervoso, máxima depuração da prosa jornalística do autor,

O CEMITÉRIO MARINHO

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O CEMITÉRIO MARINHO Tradução: Jorge Wanderley Ó minha alma, não aspira à vida imortal, mas esgota o campo do possível. (Píticas, III) Esse teto tranquilo, onde andam pombas, Freme em tumbas e pinhos, quando tomba Pleno o Meio-Dia e cria, abrasado, O mar, o mar, sempre recomeçado! Ó recompensa, após o ter pensado, O olhar à paz dos deuses, prolongado! Que labor de lampejos se consuma Plural diamante de furtiva espuma E a paz que se parece conceber! Quando no abismo um sol procura pausa, Pura obra-prima de uma eterna causa, O Tempo cintila e o Sonho é saber. Tesouro estável, templo de Minerva, Massa de calma e visível reserva, Mar soberano, olho a guardar secreto Sob um véu de chama o sono que acalma, Ó meu silêncio!.. Edifício em minh’alma Dourado cume de mil telhas, Teto! Templo do Tempo, expresso num suspiro Chegado ao alto eu amo o meu retiro, De todo envolto em meu olhar marinho; E como aos deuses melhor doação, Semeia a serena cintilação Desdém soberbo em meu alto caminho. Como no

Vaga, no azul amplo solta, vai uma nuvem errando...

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Vaga, no azul amplo solta, vai uma nuvem errando... (Fernando Pessoa) Vaga, no azul amplo solta, Vai uma nuvem errando. O meu passado não volta. Não é o que estou chorando. O que choro é diferente. Entra mais na alma da alma. Mas como, no céu sem gente, A nuvem flutua calma. E isto lembra uma tristeza E a lembrança é que entristece, Dou à saudade a riqueza De emoção que a hora tece. Mas, em verdade, o que chora Na minha amarga ansiedade Mais alto que a nuvem mora, Está para além da saudade. Não sei o que é nem consinto À alma que o saiba bem. Visto da dor com que minto Dor que a minha alma tem. Vaga, no azul amplo solta, Vai uma nuvem errando. O meu passado não volta. Não é o que estou chorando. O que choro é diferente. Entra mais na alma da alma. Mas como, no céu sem gente, A nuvem flutua calma. E isto lembra uma tristeza E a lembrança é que entristece, Dou à saudade a riqueza De emoção que a hora tece. Mas, em verdade, o que chora Na minha amarga ansiedade Mais alto que a nuvem mor

haaa qui preguicinhaaa

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