Túmulos encontrados no Egito reforçam ideia de cidade perdida
Quarenta e dois túmulos escavados na rocha e um santuário decorado
com um disco solar alado foram encontrados ao longo das margens do rio
Nilo, no Egito. A descoberta desta necrópole, o cemitério de homens,
mulheres e crianças, prova que Gebel el-Silsila, no Alto Egito, não era
apenas uma pedreira para templos e tumbas do reino; foi também um centro
populacional movimentado, de acordo com a equipe de arqueólogos que
descobriu as estruturas. “Este era realmente um grande centro de comércio, culto e
possivelmente atividade política”, presume John Ward, diretor-assistente
do Gebel el Silsila Survey Project.
Um grande mistério envolve os novos túmulos, no entanto. Onde está a
cidade perdida de Silsila? Até agora, os arqueólogos descobriram
túmulos, a pedreira, um templo e monumentos de pedra chamados estelas.
Mas eles não encontraram uma cidade ou vila onde as pessoas que usaram
essas estruturas teriam vivido.
Sepulturas inundadas
Acreditava-se inicialmente que Silsila era uma espécie de campo de
trabalho no Egito, onde a atividade predominante eram pedreiras de
arenito. A diretora da missão, Maria Nilsson, Ward e seus colegas têm
começado a descobrir muito mais do que isso no local, no entanto. No
início deste ano, por exemplo, eles anunciaram a descoberta de seis
estátuas datadas de 3.500 anos que representavam as famílias da elite.
No dia 30 de março, Ward, Nilsson e o Setor de Antiguidades Egípcias
Antigas anunciaram a descoberta dos novos túmulos. Eles datam da 18ª e
da 19ª dinastia, um período de tempo que vai de cerca de 1543 aC a cerca
de 1189 aC, que inclui faraós famosos como Hapshetsut.
Os arqueólogos sabiam que aberturas na rocha estavam presentes nas
ribanceiras do Nilo presentes no sítio, afirmou Ward para o site Live
Science. Mas o rio foi corroendo os exteriores de arenito, danificando
as estruturas. O grupo de arqueólogos lançou um projeto para limpar três
das aberturas, tanto para descobrir o que havia dentro delas quanto
para ver se eles poderiam retardar a erosão.
Eles descobriram que os túmulos foram preenchidos com lodo do Nilo,
indicando que tinham sido inundados antes das primeiras barragens no rio
serem construídas em 1800. Este lodo estava agindo como uma “esponja”
para drenar água do rio, piorando o dano de erosão.
“Uma vez que nós começamos a limpar esta lodo do Nilo, pudemos ver
que a superfície de arenito propriamente dita estava começando a secar”,
explica ele.
A primeira tumba, que já estava limpa de lodo, acabou por não ser um
túmulo, mas um santuário de dois quartos. Enquanto o quarto exterior
tinha vista para o Nilo para o oeste, o quarto interior, que já teve um
piso ligeiramente elevado, foi danificado pela água, disse Ward. Apesar
dos danos, uma pedra esculpida que mostra um disco solar com asas – um
símbolo de poder e proteção – ainda é visível, conta ele.
A segunda tumba é um túmulo real, com escadas que levam para baixo em
uma câmara de corte áspero sem pintura ou qualquer desenho interior. O
espaço é tão pequeno que os trabalhadores têm de se ajoelhar para caber
dentro, em vez de ficar de pé. Muitos ossos humanos foram encontrados
misturados lá dentro, o que provavelmente foi causado pelas águas do
Nilo. Os túmulos também foram saqueados em algum momento na antiguidade.
Ainda assim, eles continham muitas peças de cerâmica, tais como jarras
de cerveja, pratos de oferendas e tigelas e frascos de armazenamento –
todas mercadorias funerárias que eram usadas em túmulos egípcios
antigos.
Pessoas de status
Os outros dois túmulos que foram limpos, o 14 e o 15, também foram
saqueados, mas ambos continham criptas esculpidas no chão. A cripta na
tumba 15 ainda mantém metade da sua cobertura, disse Ward. O mais
intrigante é que os arqueólogos encontraram um amuleto de escaravelho
que carrega o nome do faraó da 18ª dinastia Tutmés III e um selo com uma
cartela (um símbolo oval em torno de um nome real), o que reforça a
teoria de que Silsila era mais do que apenas um acampamento para
escavadores de pedreiras. Esses artefatos sugerem que as pessoas
enterradas nos túmulos eram de uma classe social mais alta do que
trabalhadores, sugere Ward.
Cada um dos túmulos documentados tem uma porta com entalhes
esculpidos nos umbrais que poderiam ser de uma ponte levadiça de pedra,
que, por sua vez, poderia ser erguida ou abaixada para novos enterros.
“Estes são túmulos de família”, disse Ward. Os fechamentos da ponte
teriam mantido para fora enchentes e animais selvagens, embora talvez
não de forma permanente. Na tumba 14, os arqueólogos encontraram
escudetes de crocodilo – as saliências irregulares e triangulares vistas
nas costas dos animais. Não é certo se um crocodilo conseguiu entrar no
túmulo, Ward disse, ou se os escudetes fluíram para dentro com as águas
do Nilo.
Os membros da equipe planejam escavar mais túmulos na próxima
temporada no Egito, e esperam encontrar restos ou nomes dos ocupantes
dos túmulos. Eles também estão continuando a pesquisa na esperança de
resolver o maior mistério em torno de Silsila: onde ficava a cidade, ou
vila, para a qual esta necrópole servia.
“Estamos muito animados, para dizer o mínimo”, disse Ward. [Live Science]
Nossa! Que bacana...
ResponderExcluirAdoro essas descobertas :)