Ativistas afegãs rompem com tradição e carregam caixão de mulher morta em linchamento

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Ativista afegãs fizeram do velório de uma mulher que foi linchada e apedrejada até a morte num forte ato de resistência aos horrores cometidos contra as mulheres no país. Elas mesmas carregaram o caixão, se opondo a tradição que permite somente a homens conduzir tal cerimônia. 


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A vítima, Farkhunda Malikzada, havia sido acusada de queimar uma cópia do Alcorão, livro sagrado da religião muçulmana. Um funcionário do ministério do Interior, um investigador e até mesmo um general confirmaram, no entanto, que não havia qualquer prova contra ela. “Farkhunda era completamente inocente”, disse o general Mohammaz Zahir para a imprensa local. Durante o velório, as mulheres exigiam justiça para Fakhunda.

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Como se não bastasse a mistura de misoginia e barbárie religiosa, o linchamento ainda foi filmado por celulares, e as imagens circularam o mundo todo pela internet. Segundo relatam testemunhas, a polícia testemunhou o crime, incialmente tentando impedi-lo, e nada fez. Após o linchamento, o grupo atropelou Fakhunda já sem vida com um carro, para em seguida ateou fogo ao corpo.

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Centenas de mulheres marcharam por Cabul em protesto, num corajoso gesto. O presidente afegão Ashraf Ghani ordenou a investigação do ocorrido, e 49 pessoas, incluindo policiais, foram detidas. O altíssimo índice de crimes cometidos contra a mulher no Afeganistão é inversamente proporcional ao número de punidos por esses crimes.

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Que a morte de Fakhunda sirva de aprendizado para os que defendem a justiça com as próprias mãos, lembrando que linchamentos acontecem quase que diariamente no Brasil, e que a barbárie, a violência contra a mulher e a fúria cega das multidões contra inocentes não são exclusividade de um lugar ou povo – elas se dão em todo lugar.

© fotos: Reuters e divulgação

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