Entre a repulsa e a reflexão, quadrinho catalão se torna fenômeno na internet através de humor extremo
No meio da chuva de banalidades que
quase sempre compõe nossos feeds de Facebook, volta e meia surge essa
história em quadrinhos que prende nossa atenção. Super colorida, sem
qualquer balão de diálogo, com personagens sorridentes oferecendo um humor sádico, fantástico, mórbido e até poético em seu bizarro retrato da condição humana.
Assim é a obra do cartunista e ilustrador catalão Joan Cornellà, fenômeno nas redes sociais, que usa um traço quase ingênuo e suavemente pop
para retratar o absurdo de nossas hipocrisias, tabus, moralismos e
demagogias. Não há limites para as profundezas do que retrata Cornellà
em seus quadrinhos, recheados de drogas, violência, críticas sociais e surreais pitadas de humor escatológico.
As influências que Cornellà apresenta
podem causar estranheza, em se tratando de um cartunista, mas de fato
abrangem o estranho leque de sentimentos que seus quadrinhos podem
provocar. Das esquetes do grupo inglês Monty Python, passando pelo humor apocalíptico e profundo do dramaturgo irlandês Samuel Beckett, os labirínticos e fantásticos retratos humanos do escritor tcheco Franz Kafka, até a ética punk e hardcore da banda americana Minor Threat,
segundo o próprio. Se tal reunião pode parecer incoerente em princípio,
todos esses artistas, de maneiras diversas, procuram desnudar
justamente as hipocrisias e injustiças que costumamos esconder.
A estranheza de seu conteúdo mordaz e provocador provoca ao mesmo tempo repulsa e identificação. Não por acaso, sua página no Facebook possui mais de 3 milhões de likes, ao mesmo tempo que Cornellà volta e meia recebe mensagens de ódio e ameaças de morte pelas redes sociais.
Em janeiro Joan Cornellà
levantou impressionantes 91 mil libras (mais de 500 mil reais) em um
projeto de financiamento coletivo para realizar animações, como essa abaixo:
Ele também está lançando seu livro Zonzo, que pode ser adquirido em pré-venda pela página da editora Mino.
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