Mostra de Mondrian em SP revela os outros lados do talento do artista
Fundo branco, linhas pretas extremamente retas e cores primárias. É desta forma que o artista holandês Piet Mondrian é lembrado. Parte de seu legado artístico está no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, na mostra Mondrian e o Movimento De Stijl. Com obras suas e de outros artistas influenciados pelo neoplasticismo, segue cartaz na cidade até o mês abril.
Embora muitas pessoas conheçam as
pinturas que fizeram e ainda fazem de Mondrian um “artista moderno”, a
exposição revela também outros lados de seu talento além da arte
abstrata. Segundo o curador Pieter Tjabbes, a primeira
reação do público ao se deparar com as linhas e cores do artista é de
que elas continuam atemporais, rompendo as barreiras do tempo, já que
ainda possuem essa associação ao o que é minimalista e moderno.
Mas nem sempre foi assim. O holandês
trilhou um longo caminho até alcançar o abstracionismo, estudando
teosofia para agradar os pais religiosos ao mesmo tempo em que estudava
arte. Quando começou seus primeiros trabalhos, em 1908, estava mais
ligado às cenas reais, conforme ensinava a academia. Com influência de
pós-impressionistas como Vincent Van Gogh e Jan Toorop,
foi mudando seu estilo pouco a pouco. Se suas telas, até então, já não
tinham muita profundidade, depois disso perdem totalmente.
Depois de um tempo em Paris, quando teve contato com Pablo Picasso e outros artistas do cubismo, se mudou para Nova York onde, embalado pelo jazz e pela arte moderna, aderiu ao chamado movimento De Stijl
em meados de 1917. A ideia central desta manifestação, que era
propagada em uma revista, era de que a pureza das cores primárias, as
formas planas, o equilíbrio e a harmonia universal de todas as artes
seria alcançada quando todos entendessem o neoplasticismo.
Essa influência, que em partes veio dos
estudos de teosofia, chegava até arquitetos, fotógrafos e designers que
mantinham o sonho de uma sociedade em sintonia. O segundo andar do CCBB é
dedicado a arquitetura e ao design,
revelando peças de louça, mobiliário e maquetes de casas inclusas nas
premissas do neoplasticismo. O artista plástico e designer Theo van
Doesburg travou então uma briga com Mondrian quando começou a usar
linhas diagonais em seus projetos, coisa inadmissível dentro do
movimento.
A quebra da forma rígida trouxe uma
ruptura entre ambos e Doesburg foi proibido de colaborar com a revista
De Stijl. É nesta sala que está uma das cadeiras mais icônicas da história, a Red Blue Chair, de 1923, elaborada por Gerrit Rietveld, que também tem uma maquete incrível exposta no mesmo local.
Uma réplica gigante da cadeira vermelha e azul foi colocada no saguão no centro cultural para que as pessoas se sentem e tirem muitas selfies,
então aproveite. Outro lugar bacana é a recriação de um quarto
projetado para os filhos de um industrial, em 1920, planejado por Vilmos Huszár. Inspirações a partir deste legado é o que não faltam nesta mostra. Se liga na explosão de cores:
Abaixo, as únicas obras de uma artista mulher: Jacoba van Heemskerck
À esquerda, um quadro interativo
feito com ímãs, para todos exercerem a criatividade; à direita, uma
réplica da obra icônica ‘Victory Boogie-Woogie’, que não pode ser
transportada devido sua tamanha fragilidade
Abaixo, a famosa Red Blue Chair, de Gerrit Rietveld, produzida até hoje por sua família e por um alto preço
Todas as fotos © Fábio Feltrin & Brunella Nunes
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