Amor de mentira

Na pouca claridade de um pálido lampião Meu coração vagueou breve por um romance Ladeado por pequenos gravetos de uma árvore morta Lembrando uma pureza calma, de relance Andamos juntos, com passadas muito tortas O vazio entre nós dois era uma espécie de anfitrião O gramado era bem verde e enquanto sós Éramos intensamente ingênuos Dançávamos errantes nos perfumes da noite E de novo a solitude era nosso açoite Mas nossa força nos deixava muito estrênuos E o fim do romance era previsto no canto dos curiós Longe do cheiro da cevada o ar é tão doce que até fecho os olhos O vento é meu testemunho contente A paixão é uma chaga incompetente Que nos cega da visão os vários tolhos Enfim o tempo engole aquela coisa diminuta Em que a esperança ardia sem fôlego e exaspero: Antes mesmo de ser tornar o mais belo desespero Antes mesmo de se tornar uma situação poluta Eu tenho em meu conhecimento Que seus soluços por vezes ressonam dentro do átrio direito Mas na aorta eu não sinto nada, além de insuficiência no ventrículo esquerdo Como um tambor rufando ao infarto cruento! E serei mais um ao relento, abandonado Com uma laceração idôneamente condecorada Envenenado por meu próprio sangue, que ironia!

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