Brasil consegue acordo que garante proteção de baleias contra caça comercial
O
quarto dia da 67ª reunião da Comissão Baleeira Internacional foi
recheado de tensões. Apesar do acirramento dos ânimos, é possível
considerar a aprovação da Declaração de Florianópolis uma vitória para os defensores da manutenção da proibição da caça as baleias.
Com
67% dos votos, o acordo reafirma o banimento da caça comercial de
baleias em águas internacionais. A declaração foi proposta pelo Brasil e
contou com 40 votos favoráveis e 27 contrários. Seguiram ao lado do
Brasil, Argentina, Colômbia, México, Chile, Costa Rica, Panamá e Peru.
Os pró-caça Rússia e Japão, bateram o pé. Mas, pelo menos por enquanto,
ficaram em desvantagem.
A Declaração de Florianópolis propõe
a valorização das baleias e da própria comissão. O trato afasta a noção
perpetuada ao longo do século passado de que caçar baleias poderia ser
considerada uma atividade econômica como a pesca. Assim, segue em vigor o
tratado assinado em 1986, permitindo apenas a caça para fins
científicos e a caça aborígene – praticada por povos tradicionais em
determinadas regiões.
O texto da Declaração de Florianópolis foi enfático ao defender a preservação das baleias. Entre os principais pontos está o entendimento de que a “caça comercial não é mais uma atividade econômica necessária
e a caça com fins científicos não é mais uma alternativa válida para
responder às questões científicas, dada a existência de abundantes
métodos de pesquisa não letais.”
Ainda
existem riscos de uma manobra dos países pró-caça. O comissário Deven
Joseph, de Antígua e Barbuda, não aceitou a resolução proposta pelo país
anfitrião, “uma resolução não vinculadora, irresponsável, anormal,
inconsistente, enganosa e completamente errada. Eles podem pegar essa
organização e enviá-la para o abismo para onde as baleias vão quando
morrem!”, bradou durante a reunião.
A
CBI confirmou ter debatido a proposta do Japão, que pretende criar um
sistema que equilibre caça e preservação, que seria controlada por um Comitê Baleeiro Sustentável.
“A ciência é clara: há certas espécies de baleias cuja população é saudável o suficiente para ser colhida de forma sustentável”,
declarou o comissário interino do Japão, Hideki Moronuki. O titular,
Joji Morishita, é presidente da CBI. Islândia e Noruega simplesmente
ignoraram a moratória.
A
notícia foi recebida com alegria e alívio pelas entidades de defesa dos
animais. Ao longo da semana, ONGs como o Greenpeace exerceram grande
pressão nas redondezas do Costão do Santinho, onde é realizado o
encontro da CIB.
Contudo,
os ativistas se dizem atentos, especialmente com o forte lobby liderado
pelo Japão. O Greenpeace manifestou pesar e confirmou que irá tentar de
tudo para garantir a criação de um santuário de baleias na costa
brasileira.
“Estamos
começando a entender a importância das baleias no ecossistema,
incluindo sua participação na ciclagem de nutrientes, e a valorizá-las
pelo papel que desempenham ao longo de suas longas vidas, por exemplo
capturando carbono e exportando-o para o fundo do oceano e sustentando a
fauna de águas profundas”, escreveu no site do Greenpeace a bióloga da Universidade Leandra Gonçalves, representante do órgão na Comissão Baleeira Internacional.
O já
citado Japão é um dos maiores interessados em autorizar a caça as
baleias. O país asiático é acusado de oferecer dinheiro e cargos em
troca de votos. Desde o final da Segunda Guerra Mundial, comer carne de
baleia se tornou comum no país, entretanto nos últimos anos o número de
consumidores caiu consideravelmente. Atualmente, menos 4% da população
ingere carne de baleia de vez em quando.
Embora
o uso do arpão esteja proibido há mais de 30 anos, Japão, Islândia e
Rússia continuam caçando baleias nos oceanos e se escondendo atrás de
supostos pesquisas científicas para vender sua carne.
Fotos: Reprodução /fonte via
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