Essa “máquina da morte” supertecnológica promete eutanásia sem dor

IMPORTANTE: Este artigo não tem a intenção de incentivar a eutanásia. Se você está tendo pensamentos suicidas, procure o CVV.

O Dr. Philip Nitschke se considera o “Elon Musk do suicídio assistido”. Sua invenção high-tech é a “máquina de morte” Sarco.

O médico de 70 anos divulgou sua criação logo após o estado de Victoria, na Austrália, seu país de origem, ter legalizado a eutanásia.
 

Máquinas mortíferas

Nitschke sempre se interessou pelo mundo da eutanásia e pelo trabalho do Dr. Jack Kevorkian, o mais famoso proponente do suicídio assistido nos Estados Unidos.

Nos anos 1990, inspirado pela máquina da morte de Kevorkian, Nitschke fabricou uma versão atualizada chamada de “Libertação”. A máquina era rudimentar, compreendendo apenas um laptop ligado a um sistema intravenoso, que desencadeava uma injeção letal de barbitúricos. Durante um breve período de legalização da eutanásia na Austrália nessa década, ele terminou com sucesso quatro vidas.


Apesar de não poder mais realizar esse procedimento, Nitschke continuou a inovar seus dispositivos de morte. Sua máquina mais recente, a Sarco, é a resposta – segundo ele – para quem procura um final digno e sem dor.

Conforme noticiou o portal Newsweek, a Sarco é elegante e luxuosa. Assemelha-se a uma nave espacial e pretende convencer o usuário de que ele está viajando para o grande além. Sua base contém vasilhas de nitrogênio líquido e um compartimento de cápsula removível que pode ser reutilizada como um caixão.
 
 

Controverso

Potenciais usuários da Sarco precisam preencher um teste online de aptidão mental antes de poder usá-la. Eles só recebem um código de acesso se passarem no teste, e tal código só funciona por 24 horas.


Depois que o código é inserido e uma confirmação adicional é dada, a cápsula se preenche com nitrogênio líquido para reduzir o nível de oxigênio para cerca de 5%. Dentro de um minuto, o usuário desmaia, e alguns minutos depois, falece.

Nitschke afirma que o processo é relativamente indolor, sem asfixia, mais ou menos como a despressurização de uma cabine de avião.



O médico também afirmou que está em negociações com algumas clínicas de suicídio na Suíça para licenciar a máquina. Ela pode, teoricamente, ser impressa em 3D em qualquer lugar do mundo. De qualquer forma, muitos lugares não aceitam a eutanásia, de forma que a máquina não deve se tornar amplamente disponível.

Suicídio assistido é mesmo a resposta? Nem todos acham

Nos últimos 20 anos, o direito ao suicídio assistido por médicos foi legalizado em vários países europeus (mais famosamente na Suíça), bem como em alguns estados americanos, como Washington, Califórnia, Vermont e Oregon.


Nitschke é uma figura polêmica no meio, no entanto, porque ele acredita que o direito de morrer é um direito humano, não um privilégio médico ou legal. “É um direito de todo adulto racional ter uma morte pacífica. Toda pessoa com mais de 70 anos pode morrer”, disse o médico ao Newsweek.


Claro, nem todos concordam com o Dr. Nitschke. “Eu acho que é má medicina, má ética e má política pública”, rebateu o Dr. Daniel Sulmasy, professor de ética biomédica da Universidade Georgetown ao Newsweek. “Converte a matança em uma forma de cura e não reconhece que agora podemos fazer mais para administrar sintomas do que nunca”.

Sulmasy crê mais no cuidado paliativo, que se concentra na melhoria da qualidade de vida das pessoas que combatem doenças mortais, em vez de acabar com essas vidas. O médico acredita que o suicídio assistido viola o fundamento de todo o pensamento ético, que é que as pessoas têm valor simplesmente por serem seres humanos – a eutanásia, por outro lado, envia a mensagem errada de que as pessoas velhas ou com doenças devem escolher a morte, se puderem.

 [BoingBoing, Newsweek]

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