Coletivo artístico cria jornais vazios para combater o excesso de informação em que vivemos
O que diria o jovem Caetano Veloso que, há exatos 50 anos, se perguntava quem lia tanta notícia na canção Alegria, Alegria, diante da enxurrada diária de informações que nos atropela através dos computadores, smartphones, grupos de WhatsApp e afins?
O coletivo Sideline Collective parece, sem querer, responder ao questionamento da canção hoje, através do seu trabalho Nothing In The News
(Nada nas notícias, em tradução livre): um trabalho que visa oferecer
um respiro no excesso de informações que hoje nos atravessa, criando
edições de jornais de todo o mundo, mas em branco.
Os logos, títulos e tipografias icônicas estão nas edições, mas o resto das páginas é completamente vazio.
E a defesa do coletivo é justo essa: estar informado é evidentemente
importante, mas o que precisamos hoje de fato é do nada. “Sim, vivemos
em tempos especialmente sensíveis. Tempos em que a verdade importa de
fato, nos quais os jornais possuem um papel mais importante nas
democracias modernas do que jamais tiveram”, dizem os criadores do
projeto.
“Mas para uma sociedade
viciada em notícias, fofocas, status de celebridades, redes sociais, o
que está trending, os dez mais, teorias da conspiração, vídeos de gatos e
quantidades ridículas de pornografia… para esse precipício cultural,
nós oferecemos a única coisa que precisamos mais do que qualquer outra:
‘Nada’”.
Claro que o trabalho também parece
sugerir o questionamento que hoje cada vez mais se tem, a respeito da
credibilidade daquilo que noticiam os jornais.
O Sideline Collective (algo como
Coletivo Paralelo) é formado por um diretor de arte português, uma
designer portuguesa, um escritor e cineasta inglês, e um programador
holandês, que se juntou para oferecer soluções criativas e artísticas
para questões do mundo contemporâneo – e oferecer algo de positivo ao
mundo, através desse projeto paralelo na carreira de cada um.
Os jornais são vendidos através do site
do coletivo, como objetos de arte – mas também como lembretes que
silenciosamente gritam o quanto precisamos volta e meia parar, respirar,
e gastar nosso tempo com outras coisas que não aquilo que essa
quantidade absurda de informação que nos rodeia parece nos exigir –
coisas como a vida, o mundo, as pessoas, ou mesmo coisa nenhuma.
Todas as fotos © Sideline Collective
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