Após melhor amiga ser forçada a se casar, refugiada de 15 anos se dedica à luta pelo fim do casamento infantil
O
matrimônio precoce ainda é um problema em muitos países. Em 2011, quando
a guerra na Síria estourou, aproximadamente 13% dos casamentos no país
envolviam um menor de idade. Hoje, nos campos de refugiados, a prática
continua sendo normalizada. Mas uma menina de apenas 15 anos está
mostrando como é possível lutar contra isso.
Omaima
Hoshan tinha só 11 anos quando precisou sair da Síria e passou a viver
no campo de refugiados de Zaatari, na Jordânia, junto a outros 80 mil
exilados. Quando estava no sexto ano escolar, Omaima começou a notar uma
tendência entre suas colegas, a maioria com 12 ou 13 anos: muitas iam à
aula para se despedir, pois estavam se casando e abandonando a escola.
A
gota d’água foi quando a melhor amiga da adolescente lhe contou que
também se casaria com um homem mais velho, quando completasse 14 anos. A
menina não queria se casar, mas seus pais acreditavam que essa era a
melhor opção para ela. E, desde então, Omaima nunca mais a viu.
Inspirada pela história da jovem Malala,
ganhadora do prêmio Nobel da Paz, a adolescente decidiu que poderia
ajudar a conscientizar as pessoas no campo de refugiados sobre o
problema do casamento infantil. Com essa ideia em mente, buscou
informações sobre os riscos do matrimônio precoce e passou a explicar o
assunto para amigos e colegas, além de compartilhar com os pais de
outras meninas, buscando fazer com que eles mudassem de ideia a respeito
do assunto. Omaima também organizou aulas de desenho, canto e teatro
para meninas de sua idade como uma maneira de conversar melhor sobre o
problema através da arte.
Foi
apenas quando conseguiu convencer diversas meninas a não se casar
precocemente que Omaima percebeu que o esforço estava valendo a pena. Na
Jordânia, a idade legal mínima para que uma pessoa possa se casar é de
18 anos. Apesar disso, a lei islâmica permite que líderes religiosos
autorizem menores de idade a casar-se, mesmo que eles não aceitem a
decisão, o que implica em um alto número de casamentos não-oficiais, mas
nem por isso menos prejudiciais aos menores envolvidos.
Para sua campanha, Omaima conta também com a ajuda da Agência da ONU para Refugiados,
que oferece terapia de casal a pessoas que tentam forçar o matrimônio
precoce, além de assessoramento sobre os riscos da gravidez na
adolescência.
Todas as fotos © Annie Sakkab/Acnur
Comentários
Postar um comentário