Pichadora poética usa os muros de Curitiba como página em branco para falar de amor
A redatora e poeta paranaense Giovanna Lima,
de 28 anos, acredita que a poesia é nobre demais para ficar longe da
rua. Por isso, ao invés de colocar seus textos em um livro ou procurar
as paredes fechadas das galerias, ela decidiu transformar os muros da
cidade de Curitiba em outdoors para seus poemas.
Já são centenas de pequenos poemas, centelhas sobre amor, feminismo, revolução, dor e vida
– feito panfletos existenciais interrompendo o ritmo inclemente de uma
cidade, ofertando uma porta aberta para a reflexão e a emoção de quem
passa e vê.
Inspirando-se na máxima do artista de rua inglês Banksy que
diz que é mais fácil conseguir perdão do que permissão, Giovanna não
espera por autorização para realizar seu trabalho – e, diferentemente de
Banksy que mantém seu anonimato, ela dá as caras e assume a autoria,
assinando com as iniciais de seu nome cada uma das intervenções
poéticas.
Giovanna garante que, de maneira geral,
recebe carinho e admiração das pessoas por seu trabalho. Ainda assim,
por mais que sua arte venha fazendo bastante sucesso na cidade e nas
redes sociais – sua página possui mais de 13 mil curtidas no Facebook
– é claro que os críticos sempre existirão. Algumas pessoas consideram
seu trabalho vandalismo, e não se comovem com a intenção poética e
reflexiva de suas frases. Giovanna, no entanto, não se abala.
A prefeitura de Curitiba, em nota,
lembra que é a autorização prévia do proprietário é o que separa a arte
do crime ambiental e dano ao patrimônio, e que os proprietários que se
sentirem lesados poderão cobrar reparações de Giovanna na justiça.
Assim, Giovanna não sabe por quanto tempo conseguirá seguir pichando –
ela mesma gosta do termo “pichar” – sem ser punida.
Sua única certeza é que não deixará de escrever pois, para ela, vandalismo mesmo é não falar de amor.
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