Mergulhamos na obra “A Metamorfose”, de Franz Kafka, em exposição em SP
“Quando certa manhã, Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso”.
Abordando o estranhamento e a transformação do ser humano, que muitas
vezes se sente na pele de um bicho bizarro qualquer, a obra “A Metamorfose“, de Franz Kafka, completou 100 anos recentemente. A data é celebrada com a mostra “Um Corpo Estranho” na Casa das Rosas, em São Paulo, até fevereiro de 2016.
A primeira edição do livro de sucesso veio à tona em novembro de 1915, mas foi escrita em 1912 em apenas 20 dias.
De uma complexidade única, nos apresenta a relação do personagem
principal com a família, a solidão e sua própria identidade,
reconhecimento e aceitação (ou a falta dela).
O centenário é celebrado com uma pequena
exposição da vida e obra de Kafka, autor tcheco que ficou marcado na
literatura e ganhou até um termo próprio: “kafkiano” é usado
para descrever situações e conceitos que remetem às suas principais
obras, como “A Metamorfose” e “O Processo”, escrito logo na sequência.
Uma sala labiríntica remete ao quarto de
Gregor Samsa, um caixeiro viajante que se transforma num inseto
asqueroso da noite para o dia – aliás, procure pelo inseto na mostra.
Porém, também serão relembrados seus diários e outros livros
importantes de sua carreira, como “Carta ao Pai”, escrito em 1919. Assim
são apresentados aspectos da vida conturbada do autor e de sua relação
conflituosa com o pai.
Recriações e interpretações de sua obra
que foram publicadas posteriormente à sua morte também fazem parte da
exposição, cheia de detalhes deste legado literário tão
importante. Fazendo jus a Haroldo de Campos, que tem um centro de
referência na casa, uma das paredes expõe um ensaio do poeta sobre sua
relação com o personagem Odradek.
Mesclando elementos de diversas obras de Kafka, monta então o poema “O K do problema”, que eu descobri assim que visitei a mostra. Acontece que esse K está em todos nós, em todas as letras que cabem no alfabeto, no nosso lado existencial mais primitivo e ao mesmo tempo tão avançado.
Todas as fotos © Brunella Nunes
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